O hit monstruoso da Disney inclui o primeiro casal de mesmo sexo na história do estúdio?
(National Catholic Register, 31/01/2014)
Congelado ... plantando as sementes da aceitação das relações homossexuais no filme? Fotografia: Disney
Então, basicamente, todo mundo adora Frozen, menos eu. Tudo bem, pra mim. Eu não sou fã, mas também não odeio; há partes dele que gosto muito, embora outros elementos sejam decepcionantes e desanimadores. Assisti duas vezes, e em ambas eu gostei de coisas o suficiente pra me sentir frustrado por elementos que, fatalmente, me impedem de acolhê-lo bem.
Por ora, quero falar de algo que observei enquanto fazia minha análise: os temas de cultura gay em Frozen .
Primeiro, vamos colocar os temas amplos na mesa.
- Com poderes de gelo, Elsa é notavelmente diferente das outras pessoas. “Nascida assim ou amaldiçoada?”, pergunta o rei dos trolls – e seus pais confirmam que ela nasceu assim.
- No entanto, essa diferença é causa de medo e segredo. Equivocadamente, seus pais ensinam Elsa a “escondê-la, não senti-la”. Essa repressão de sua verdadeira natureza a leva ao isolamento, ansiedade e, finalmente, um colapso na celebração da posse de Elsa, em que ela, fora de si mesma, revela seus poderes a todos.
- Vista com medo e repulsa pelos outros, Elsa desafia a sociedade que a rejeitou, bem como as restrições injustas colocadas a ela por seus pais, e comemora a aceitação de sua verdadeira identidade na música Let it Go. Nada mais de “Seja a boa menina que você sempre tem que ser”; para Elsa, agora seu mantra é: “Deixe a tempestade se alastrar / O frio nunca me incomodou mesmo”.
- É importante notar que em nenhum momento Elsa compartilha os anseios românticos de sua irmã Anna, nem mostra qualquer interesse em um pretendente masculino ou em ser cortejada. (Em certo ponto, um personagem masculino observa que, como herdeiro, Elsa seria preferível a Anna, mas “ninguém estava conseguindo chegar a lugar nenhum com ela“)
- Ah, e os espectadores que ficaram até créditos finais foram recompensados com uma piadinha de despedida onde gigante de gelo criado por Elsa, um monstro de voz inegavelmente masculina, aparece vagando por seu palácio de gelo abandonado até pegar a tiara da rainha jogada ao chão, e a coloca delicadamente sobre a sua própria cabeça, sorrindo como houvesse descoberto sua verdadeira princesa interior.Por outro lado, há uma menção de duplo sentido sobre outro tipo de relação que se diz estar “fora das leis da natureza”: os trolls, cantando sobre Kristoff na canção Fixer-Upper, sugerem que ele tem um relacionamento anormal com sua rena Sven:
- E daí que ele precisa de alguns reparos
E daí ele tem algumas falhas.
Tal como o seu cérebro peculiar, querido
Seu caso com a rena
Está um pouco fora das leis da natureza!Sim: uma piada sobre bestialidade em um desenho animado da Disney.Tudo isso me parece i) claramente uma sutil expressão de cultura pró-gay na Disney, e ii) não grande coisa, na medida em que os temas são sutis e ambíguos o suficiente para não representar uma preocupação importante, até mesmo para os pais mais experientes, ou exercer uma influência corruptora sobre crianças. (Eu não diria isso das expressões pró-gay ao estilo de Madagascar 2 ou os Happy Feet; estes estão numa categoria diferente, e eu realmete as repreendo. Em Frozen, estou mais preocupado com questões como Síndrome de Garota Oprimida e a subversão, de muitos modos, dos dois principais homens)No entanto, há um outro elemento pró-gay em Frozen que vale a pena observar e que, de início, escapou-me: a sugestão fugaz, mas potente, de que um personagem secundário tem uma família composta por um parceiro do mesmo sexo e um monte de crianças.A família gay de Oaken
Quais são as evidências:
- Por que o momento está no filme, afinal de contas? Por que fazer uma cena onde Oaken diz “Uhuu! Oi família!” e, fugazmente, mostrar a família na sauna? No menor das possibilidades, a cena e a linha parecem ter a intenção de sugerir que eles são, ou pelo menos poderiam ser, a família do próprio Oaken.
- Por que o jovem está numa posição central, com todos os outros personagens ao seu redor? O enquadramento da imagem, e seu enorme tamanho, sugerem que ele é uma figura paterna, e não apenas um irmão mais velho.
- Quantas vezes já vimos uma família grande em um filme da Disney? Por que tantos personagens, senão com a intenção de distrair visualmente a atenção dos espectadores?
Parece razoável crer que os produtores tenham jogado a cena para permitir que os espectadores homossexuais de olhos mais aguçados pudessem tirar suas próprias conclusões sobre que tipo de “família” é essa.
E iremos ver cada vez mais esse tipo de coisa no futuro. Aqui está o porquê.
Do ponto de vista dos cineastas de Hollywood, enquanto ainda não é possível para um filme de família tradicional ter personagens ou temas abertamente gays, a heteronormatividade de entretenimento infantil tradicionais foi problematizada.
Na América pós-evolutiva de Obama, o pressuposto de que cada protagonista em todos os desenhos animados são por padrão heterossexual – que cada heroína recebe seu príncipe, cada herói tem sua garota – não é mais aceitável do que cada protagonista ser branco, ou homem. Como crianças com duas mamães ou dois papais devem se sentir quando todas as famílias, em todos os desenhos animados, se parecem com a família dos seus amigos, e não com as suas?
É óbvio que uma versão da Disney de O Príncipe e o Príncipe está muito longe ainda. A revolução ainda está em estágios iniciais. Famílias gay e seus aliados devem assumir as consolações onde puderem encontrá-las, e contentar-se em sua maior parte com piscadelas e acenos, sugestões e subtextos.
fonte: http://novaguia.org/frozen-uma-aventura-congelante/
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No ano passado, eu entrevistei Kori Rae, produtor da Pixar lésbica, e perguntei quando vamos ver um personagem gay Pixar.
Ela respondeu: "A resposta é, eu não sei se vai haver um personagem gay que eu espero que sim, eu realmente espero que nós chegar a um lugar onde podemos fazer isso.".
fonte: http://www.theguardian.com/film/2014/mar/25/gay-parents-kids-films-pixar-disney-frozen