sábado, 2 de fevereiro de 2013

Quem ama a DEUS que não vê...

deve também amar e compreender o seu irmão - que precisa de você!



A FRATERNIDADE COMO SINAL

54. As relações entre vida fraterna e atividade apostólica, em particular nos institutos dedicados às obras de apostolado, não têm sido sempre claros e não raramente têm provocado tensões tanto para pessoas em particular, como para a comunidade. Para alguns «o fazer comunidade» é sentido como um obstáculo para a missão, quase um perder tempo em questões que, afinal, são secundárias. É necessário lembrar a todos que a comunhão fraterna, enquanto tal, já é apostolado, isto é, contribui diretamente para a obra de evangelização. De fato, o sinal por excelência deixado pelo Senhor é o da fraternidade vivida: «Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35).
Junto com a missão de pregar o Evangelho a todas as criaturas (Cf. Mt 28, 19-20), o Senhor enviou seus discípulos a viver unidos, «para que o mundo creia» que Jesus é o enviado do Pai ao quaI se deve dar o pleno assentimento de fé (Cf. Jo 17, 21). O sinal da fraternidade é, portanto, de grandíssima importância, porque é o sinal que mostra a origem divina da mensagem cristã e que tem a força de abrir os corações à fé. Por isso «toda a fecundidade da vida religiosa depende da qualidade da vida fraterna em comum».69
55. A comunidade religiosa, se e enquanto cultiva em seu seio a vida fraterna, tem presente, de forma contínua e legível, esse «sinal» do qual a Igreja tem necessidade sobretudo na tarefa da nova evangelização.
Também por isso a Igreja dá tanta importância à vida fraterna das comunidades religiosas: quanto mais intenso é o amor fraterno, maior é a credibilidade da mensagem anunciada, mais perceptível é o coração do mistério da Igreja sacrarnento, da união dos homens com Deus e dos homens entre si.70 Sem ser o «tudo» da missão da comunidade religiosa, a vida fraterna é um de seus elementos essenciais. A vida fraterna é tão importante quanto a ação apostólica.
Não se pode, pois, invocar as necessidades do serviço apostólico para admitir ou justificar uma vida comunitária medíocre. A atividade dos religiosos deve ser atividade de pessoas que vivem em comum e que informam de espírito comunitário seu agir, que tendem a difundir o espírito fraterno com a palavra, a ação e o exemplo.
Situações particulares, tratadas a seguir, podem exigir adaptações que, no entanto, não devem ser tais que impeçam o religioso de viver a comunhão e o espírito da própria comunidade.
56. A comunidade religiosa, consciente de suas responsabilidades em relação à grande fraternidade que é a Igreja, torna-se também um sinal da possibilidade de viver a fraternidade cristã, como também do preço que é necessário pagar para a construção de qualquer forma de vida fraterna.
Além disso, em meio às diversas sociedades de nosso planeta, marcadas por paixões e por interesses contrastantes que as dividem, desejosas de unidade mas incertas sobre os caminhos a seguir, a presença de comunidades onde se encontram, como irmãos ou irmãs, pessoas de diferentes idades, línguas e culturas, permanecendo unidas não obstante os inevitáveis conflitos e dificuldades que uma vida em comum comporta, é já um sinal que atesta qualquer coisa de mais elevado que faz olhar mais para o alto.
«As comunidades religiosas, que anunciam com sua vida a alegria e o valor humano e sobrenatural da fraternidade cristã, proclamam para nossa sociedade com a eloqüência dos fatos a força transformadora da Boa Nova».71
«Mas, sobretudo, pois, distingui-vos pela caridade, que é o laço da perfeição» (Cl 3, 14), o amor como foi ensinado e vivido por Jesus Cristo e nos é comunicado por meio de seu Espírito. Esse amor que une é o mesmo que impele a comunicar, também aos outros, a experiência de comunhão com Deus e com os irmãos. Isto é: gera os apóstolos impulsionando as comunidades pelo caminho da missão, seja ela contemplativa, seja de anúncio da Palavra, seja de ministérios de caridade. O amor de Deus quer invadir o mundo: a comunidade fraterna se torna missionária desse amor e sinal profético de sua força unificante.
57. A qualidade da vida fraterna tem também forte influência sobre a perseverança de cada religioso.
Como a medíocre qualidade da vida fraterna foi frequentemente apontada como motivação de não poucas defecções, assim a fraternidade vivida constituíu e ainda constitui um válido sustentáculo para a perseverança de muitos.
Numa comunidade verdadeiramente fraterna, cada um se sente coresponsável pela fidelidade do outro; cada um dá seu contributo para um clima sereno de partilha de vida, de compreensão, de ajuda mútua; cada um está atento aos momentos de cansaço, de sofrimento, de isolamento, de desmotivação do irmão; cada um oferece seu apoio a quem está aflito peIas dificuldades e pelas provações.
Assim a comunidade religiosa, que sustenta a perseverança de seus componentes, adquire também a força de sinal da perene fidelidade de Deus e, portanto, de sustentáculo para a fé e para a fidelidade dos cristãos, imersos nas vicissitudes deste mundo que, sempre menos, parece conhecer os caminhos da fidelidade.
fonte: CONGREGAÇÃO PARA OS INSTITUTOS DE VIDA CONSAGRADA E AS SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA
A VIDA FRATERNA EM COMUNIDADE
«Congregavit nos in unum Christi amor »

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