Em memória a este valoroso padre que sempre realizava a Santa Missa de forma zelosa, respeitando JESUS Sacramentando, dando a comunhão aos fiéis sempre na língua e de joelhos, deixo aqui sua carta de 2002 em defesa das Santas Mensagens recebidas pelo nosso profeta Pedro II, que estão contidas no grande livro: A Palavra Viva de DEUS - http://www.apalavravivadedeus.com.br/
Ora pro nobis Padre Rômulo - na Paz de Cristo e no Amor de Maria.
Aos que não o conheceram, deixo aqui um vídeo de uma de suas inúmeras homilías em defesa da fé Católica - na Igreja da Obediência a DEUS PAI - Taquaras - Balneário Camboriú - SC.
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Carta Resposta do Pe. Rômulo Cândido de Souza, de Aparecida SP, para o Cardeal Aloísio Lorscheider, Arcebispo de Aparecida - SP , sobre a nota de orientação, dirigida aos fieis, esclarecendo a respeito do confidente Bento da Conceição, residente na paróquia de Camboriú, Arquidiocese de Florianópolis-SC, que o Cardeal publicou na sua Arquidiocese de Aparecida.
PASTORAIS E PASTORAIS
Sr. Cardeal Dom Aloísio Lorscheider,
Lemos com atenção e interesse sua “Nota de Orientação” (Aparecida, 17 de Julho de 2002). Aí são feitos comentários aos videntes em geral, e ao sr. Bento da Conceição, de modo especial. Gostaria de apresentar aqui algumas considerações:
1. - Estamos plenamente de acordo com os princípios gerais de prudência em casos de revelações particulares. Não se pode levianamente aceitar tudo, sem análise e sem critério.
2. - É preciso examinar o tipo da pessoa que transmite as mensagens. Se é um desequilibrado, histérico, doente mental. Se possui virtude sólida. Se as mensagens estão de acordo com a fé e os bons costumes. E também os efeitos que elas produzem nas pessoas.
3 - Todas essas considerações são legítimas e conhecidas como critérios de análise.
4 - No caso específico do sr. Bento da Conceição, devo declarar a seu favor o seguinte:
* Eu conheço pessoalmente o sr. Bento e toda a sua família: mulher, nove filhos e netos. * Nunca percebi nenhum traço de fraude, desequilíbrio e exibicionismo. * Todos eles são gente simples, humilde, entregues à oração. Revezam-se durante o dia em vigília de oração e adoração, desde as 6:oo h da manhã até às 21:oo h. * Todos os membros da família participam da vigília. * Tenho comigo os 17 volumes das mensagens do sr. Bento, atribuídas a Jesus, Nossa Senhora e santos. * Nunca tropecei com algum erro teológico ou de moral duvidosa. * A tônica é sempre a mesma: oração, conversão, prática das boas obras, participação na missa, confissão comunhão, obediência ao Papa, caridade fraterna * auxílio aos pobres.
5. - Pelo que me consta, até agora ninguém se preocupou em fazer uma análise em profundidade dos textos e mensagens dos 17 volumes, sob o ponto de vista teológico e moral. O que se vê são apenas escaramuças e um certo mal-estar com relação a algumas práticas litúrgicas (*comunhão com véu para as mulheres * comunhão de joelhos e na boca * comunhão pelas mãos dos sacerdotes.
6 - Quanto a essas práticas litúrgicas, quero lembrar que estão plenamente de acordo com as normas oficiais da Igreja: Normas do Papa João Paulo II, Conferência dos Bispos do Brasil, e Sínodo dos Bispos, assinado pelo Papa.
7. - Cito agora explicitamente esses documentos:
* “Jamais se obrigará algum fiel a adotar a prática da comunhão na mão. Deixar-se-á a liberdade de receber a comunhão na mão ou na boca.” (Igreja do Brasil - Diretório Litúrgico, 1999. - Conferência dos Bispos do Brasil - Ano A - pág. 272-273)
* “Para que o ministro extraordinário, durante a celebração eucarística, possa distribuir a comunhão, é necessário, ou que não estejam presentes ministros ordinários, ou que estes, embora estejam presentes, estejam realmente impedidos.
Pode igualmente desempenhar o mesmo encargo quando, por causa da participação numerosa dos fiéis que desejam receber a comunhão, a celebração eucarística prolongar-se-ia excessivamente, por causa da insuficiência de ministros ordinários.
Esse cargo é supletivo e extraordinário.
Devem-se evitar e remover algumas práticas que há algum tempo foram introduzidas em algumas igrejas particulares, como por exemplo:
- comungar pelas próprias mãos, como se fossem celebrantes.
- o uso habitual de ministros extraordinários nas Santas Missas, estendendo arbitrariamente o conceito de “numerosa participação.”
(Instrução sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministério dos sacerdotes. - Sínodo dos Bispos - Artigo 8. - Documento aprovado e assinado pelo Sumo Pontífice João Paulo II, ordenando a sua promulgação. - Vaticano, 15 de Agosto de 1997.)
Sr.Cardeal,
* Numa concelebração com 50 padres presentes, por que eles não descem para distribuir a comunhão, segundo as Normas da Igreja? Quem é que está desobedecendo e inventando novas Pastorais? É o sr. Bento? Onde fica a Instrução dada pelo Sínodo dos Bispos, e assinada pela Papa?
* Em missas nas pequenas comunidades, com pouca participação de fiéis, às vezes uns 30, por que os ministros extraordinários?
O sr. Bento está seguindo as normas do Papa, dos Bispos do Brasil e Instruções oficiais do Vaticano. Ele é acusado de “usar seus argumentos e atitudes em nome de Jesus.” Certamente, usa o nome de Jesus, mas também segue o pensamento do Papa, do Sínodo dos Bispos e da CNBB.
8. - Gostaria agora de fazer um reparo quanto à falta de lógica na prática da Pastoral. Há coisas bem mais sérias e escandalosas, que não recebem crítica nenhuma:
* Padres que celebram Missa de bermuda e em manga de camisa. Ninguém reclama.
* Fiéis que também comungam de bermuda, e mulheres bastante decotadas. - Ninguém reclama. O véu que algumas usam na comunhão incomoda e atrapalha a Pastoral. O decote e a bermuda não atrapalham nem incomodam.
Sabemos que o véu é um uso cristão, que vem desde o Apóstolo São Paulo. Tem dois mil anos de uso. Mas agora está atrapalhando e incomodando, não se sabe por quê.
* Avisos e cartazes na igreja, fazem propaganda de “camisinha”. - Ninguém reclama. É um cartaz bastante pastoral!!!
9. - E temos outras coisas bastante sérias, no Brasil:
* Aconteceu na Bahia, na Reunião das CEBs, com a presença de milhares de participantes de todas as diocese do Brasil, inclusive 70 bispos.
Aí uma mãe de santo invoca os Orixás, deuses do Candomblé, sobre a assembléia. A mãe de santo foi aplaudida por toda a assembléia. - Chamaram a isso de Macroecumenismo! (X Encontro Intereclesial Latino-Americano, em Ilhéus. - 22.10.2000 - Ver: Revista “Espaços” - Itesp - 2000 8/2).
* Nessa mesma assembléia rezou-se um “Pai nosso ecumênico” : “Em nome do Pai de todos os povos, / Maíra, mãe de tudo, excelso Tupã (divindade indígena)”.....
Essas inovações não causam confusão, nem escandalizam. Macroecumenismo!
* Nesse mesmo encontro foram proclamadas novas Bem-aventuranças: “Bem-aventuradas as pessoas que vêem na diversidade uma riqueza, como a beleza do arco-íris.” “Bemaventuradas as pessoas que cultivam as qualidades necessárias para a vivência ecumênica, e não fazem do seu rito a exclusividade da liturgia.”
A diversidade é uma riqueza, mas vale só para os de fora. Por quê?
* Na presença de 70 Bispos, “foram clamados todos os elementos da natureza, e foram invocadas TODOS OS NOMES DAS DIVINDADES DAS VÁRIAS RELIGIÕES PRESENTES, especialmente indígenas, cristãs e africanas.”
Invoca-se a Mãe Maíra, misturada ao Pai Nosso. Invocam-se as divindades pagãs. Isso é Pastoral e macroecumenismo. Não escandaliza, não provoca confusão, não atrapalha a Pastoral!
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10. - Com respeito às Mensagens proféticas sobre o futuro e o Papa,
acho que precisamos ser mais humildes. Ninguém é juiz do futuro. Até hoje nenhum juiz teve a coragem de emitir parecer sobre coisas que podem acontecer. Vamos esperar acontecer para julgar.
11. - É bom lembrar que as Mensagens não são exclusividade do sr. Bento. Elas vêm do mundo inteiro. São centenas, de todos os países. Estão na boca de crianças e de adultos, de todas as condições sociais e de todos os níveis culturais. E todos transmitem sempre a mesma mensagem básica: oração e conversão, além das conhecidas profecias sobre o Papa. É muita coragem dizer que tudo isso é fraude, histeria, exibicionismo.
12. - Quanto à divulgação dessas mensagens em livros e folhetos, o Código de direito Canônico é bem claro. “Se esses escritos não têm aprovação eclesiástica, não podem ser distribuídos em igrejas e oratórios.” (Canon 827, 4). Igrejas e oratórios. Isto significa que podem ser distribuídos fora das igrejas e oratórios, de mão em mão. Se o Código de Direito Canônico já previu essa situação, por que criar obstáculos à margem do Direito?
13. - Com relação à autenticidade das Mensagens, lembro o pensamento de Karl Rahner, teólogo do Concílio, elogiado por Paulo VI. Rahner fala:
* “Deus não está obrigado a falar sempre através da Hierarquia. O Espírito de Deus pode dirigir-se a qualquer membro da Igreja para agir nela.”
* “Sempre existiu na Igreja, junto com o poder oficial, transmitido pela imposição das mãos, a vocação do Profeta, humanamente intransmissível. Nenhum dos dois carismas pode substituir o outro.”
* “E se Deus fala, será que existe algo de insignificante nessa Mensagem? Será que a Palavra de Deus é supérflua?”
* “Por que o cristão não pode aceitar o auxílio de luzes diferentes dos princípios expressos na Teologia?”
* “Muitas vezes nós chamamos a essas luzes, com um certo desdém, de `revelações privadas`. E as consideramos um luxo típico de certas almas piedosas.”
* “A Teologia tradicional ensina que a função da Igreja é apenas examinar se essas revelações são conciliáveis com o Depósito da fé revelada. Se existe concordância, a Igreja as entrega à liberdade dos fiéis, que podem aceitá-las com uma fé humana.”
* “Mas essa posição teológica é por demais negativa e incompleta. É preciso acrescentar: Se uma revelação privada tem fundamentos suficientes e razoáveis de autenticidade, implica necessariamente o direito e o dever de dar o seu assentimento com fé divina.”
* “Tanto o destinatário direto das Mensagens, como outros fiéis que tomam conhecimento delas, estão obrigados em consciência, com fé divina, a dar a sua adesão, se acharem que os fundamentos são suficientes.” (Karl Rahner, SJ, Insbruck - Tirol - em “Revue d´Ascetique et de Mystique” - no 98-100, Abril - Dezembro de 1949, pgs. 506-514).
Sr. Cardeal, são estas as reflexões de um dos maiores teólogos do século 20, e um dos mentores do Concílio Vaticano II. Neste final de século, as revelações particulares têm-se multiplicado em todos os recantos do mundo. Não podemos tratá-las com desprezo, na expressão de Rahner. Elas podem ter fundamento suficiente de autenticidade. Nesse caso, diz ele, é preciso dar o assentimento com fé divina. Ou, pelo menos, é necessário respeitar a posição daqueles cristãos que aderem às Mensagens, porque sua consciência o exige.
Existe um documento do Vaticano II sobre a “Liberdade de consciência”. Será que isso vale só para os de fora, e não para os cristãos e católicos?
É claro que precisamos ser prudentes: “Prudentes como serpentes” e não aceitar ingenuamente qualquer coisa. Analisar, desconfiando. Confiar, analisando. Mas acho também que precisamos desconfiar de nossa incapacidade de perceber a palavra de Deus na boca dos humildes. Na História da Igreja o profetismo e as mensagens quase nunca aparecem para doutores e teólogos, mas para gente simples: As crianças de Fátima eram analfabetas, Bernadete de Lourdes era analfabeta, João Diego de Guadalupe era um índio analfabeto, Joana d´Arc era analfabeta.
Sr. Cardeal, não seria bom desconfiar um pouco de nossa ciência teológica? Não estamos repetindo a história dos fariseus, que rejeitaram e mataram os profetas?
Uma questão que proponho novamente, e parece esquecida pela Pastoral:
Existe Ecumenismo SÓ PARA OS DE FORA ? Não existe Ecumenismo PARA OS DE DENTRO. Por quê?
A mãe de santo que invoca os Orixás sobre a assembléia é aplaudida por 70 bispos. Um cristão que comunga de joelhos, na boca, é um “desorientador das pastorais,” “atrapalha a caminhada da Igreja” “impõe normas contrárias às existentes.” Por que a diferença? (Os documentos citados acima mostram que não é o Sr. Bento que está impondo essas normas. É o Papa, o Sínodo dos Bispos e documentos oficiais da Igreja, assinados e datados.)
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Sr. Cardeal, peço que não me leve a mal ter feito essa considerações. Vivemos num tempo cheio de idéias novas e iniciativas corajosas. Admiro o seu zelo pastoral e a sua humildade. Por isso me atrevi a expor com sinceridade meu ponto de vista. O objetivo desta carta não é fazer contestação, mas ajudar a refletir sobre os rumos da Pastoral.
Em nome da liberdade de consciência, do ecumenismo e do pluralismo, acho que deve haver mais espaço para práticas e pontos de vista diferentes, ainda mais que foram tradicionais na Igreja durante 2000 anos.
Para sua tranqüilidade, eu digo: Apesar de ter idéias pastorais divergentes em alguns casos, eu NUNCA faço críticas em público, nem interfiro nos usos pastorais do Santuário e das Comunidades. Respeito e aceito a consciência dos outros, para ser coerente com meus próprios princípios de liberdade de consciência.
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Pe. Rômulo Cândido de Souza C.SS.R.
Aparecida, 23 de Julho de 2002
O Pe. Rômulo obteve licença, pessoalmente, do Srº. Cardeal para a publicação, no dia 08/08/2002.
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